CHEGANDO LÁ

Há cinquenta anos atrás, nascia eu da união de Seu Nonato e D. Francisca lá em São Luís do Maranhão. Digo lá porque estou aqui em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Para mim, essa distância violenta que separa famílias de uma forma tão brusca, gente que se afasta muitas vezes por causa da vida que as empurra para o fosso que se chama Brasil, só contribui para aumentar a saudade que se sente da terra e da própria família que fica espalhada pelo País.

No meu caso, foi assim. Já antes de eu nascer, gente da minha família, meu avô, Seu Celso (“Cabo Celso”) já andava trilhando outras bandas para além do Maranhão. Já tinha estado aqui pelo “sul” no final dos anos 50. Ele falava que viera para trabalhar no cais do porto de Santos, ainda numa época em que ali era um fervo em atividade de exportação e importação. Eu creio que havia toda uma sociedade que girava em torno do porto de uma cidade que era a porta de saída de grande parte da produção nacional. Lembro de vovô falando que onde ele morou, Vicente de Carvalho, fazia um frio danada. Só haveria mesmo de fazer. com tanta pouca gente morando por ali em comparação com os dias de hoje. Estive lá há um tempo atrás visitando um certo tio da parte da minha mãe, Tio “Baixinho”, que também faz parte de uma outra longa história que pretendo contar por aqui e percebi algo que geralmente me atrai para qualquer lugar que me faça voltar no tempo. Ainda pude ver ao longo de algumas ruas de Vicente de Carvalho casas com mais de 50 anos de idade. Casas de madeira, rústicas, construídas em como conjuntos residenciais, provavelmente bairros operários. Mas notei também que, sendo já anos 2000, a população era densa e havia um certo processo de favelização dos bairros por ali. Me desapontei um pouco.

Agora estou me lembrando desses passeios que tenho feito vez por outra. São locais por onde passo que ficam marcados na memória. Aos poucos vou tratar de colocar no papel tudo  que tenho vivenciado nesse meio século.

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